domingo, 7 de fevereiro de 2010

A Divina Arte em tempo de mudança

Continua aberta esta primeira exposição de abordagem dá vida musical tomarense e respectiva interacção com o período de formação de Fernando Lopes-Graça.

O QUINTETO DO SALÃO- PARAÍSO
Primeira actividades musical remunerada

Em 1920, ainda com catorze anos de idade, Lopes-Graça integra o Quinteto do Salão Paraíso, agrupamento cuja vocação e função era o acompanhamento de filmes mudos, as Fitas de Arte, ali exibidas semanalmente, filmes que vinham de Lisboa numa caixa, mas sem partituras. Por essa razão foi preciso formar um agrupamento, com contrato com a empresa proprietária do Salão Paraíso, cuja função era a de garantirem um fundo sonoro para os filmes mudos ali exibidos com regularidade, para além de acompanharem artistas de variedades e abrilhantarem festas, sempre que necessário.
Este Quinteto do Salão Paraíso foi formado por músicos oriundos da Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina. Tal agrupamento era constituído pelo 1º violinista, Adolfo Prazeres, músico militar mas na reforma e leader do grupo (que iria para a Madeira em 1923), um 2º violino, Lúcio Aivado (um dos vários irmãos Aivados que tocaram na Nabantina....), pintor de profissão, um violoncelo, Mário de Aguiar, Maestro da Banda Nabantina e músico militar de profissão, um contrabaixo, Justino da Costa Graça, músico amador que participou na Orquestra Sinfónica Tomarense aos quais, finalmente, se juntou o ainda jovem Fernando Lopes da Graça, então aluno da D.Rita.
Os outros elementos do quinteto eram bastante mais velhos que Fernando Lopes... Chefes de família, na casa dos quarenta e cinquenta anos de idade e mais (como o caso do Prazeres...).
Com esta actividade no Quinteto, Fernando Lopes da Graça, ganha os seus primeiros ordenados que lhe permitirão, não só contribuir para pagar as suas lições de piano mas, inclusive, comprar uma grande corrente de ouro que exibe na fotografia que o próprio Quinteto tirou para sua publicidade própria.
A música executada pelo quinteto era essencialmente constituída por espécimes do repertório vulgar então mais em voga, sendo a escolha e selecção do mesmo da responsabilidade do chefe do grupo, o Adolfo Prazeres. Neste repertório, vulgar e quase que ligeiro devem-se incluir alguns trechos de ópera mais conhecidos, como Verdi, Rossini e Puccini, por exemplo. Era a Lopes-Graça que se requeriam e confiavam os arranjos necessários para esta formação.
Terão sido estes os seus primeiros trabalhos na área da composição (depoimento:92).
Depois da dissolução deste quinteto Fernando Lopes-Graça foi então convidado a continuar como pianista a solo, privativo daquela sala de espectáculos. Lopes-Graça aproveitou a oportunidade para introduzir um repertório progressivamente mais elaborado e modernista, onde incluiu obras de Claude Debussy ou dos compositores Russos de final de século XIX.

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